terça-feira, 7 de novembro de 2023

Filme: Kolobos — Pesadelos Tornam-se Realidade (Kolobos, 1999, David Todd Ocvirk e Daniel Liatowitsch)

 




Kolobos: Pesadelos Tornam-se Realidade (Subtítulo horrível esse, mas é só Kolobos, 1999, direção de David Todd Ocvirk e Daniel Liatowitsch)

Slasher

87 minutos

Estados Unidos da América

Elenco: Amy Weber como Kyra, Donny Terranova como Tom, Nichole Pelerine como Tina, John Fairlie como Gary, Promise LaMarco como Erica, Ilia Volok como The Mechanic eLinnea Quigley como Dorothy.


Neste slasher no fim dos anos 1990, Kyra é uma jovem encontrada ferida e acorda no hospital, repetindo apenas uma palavra: Kolobos. O filme volta no tempo, e descobrimos que um grupo de jovens é chamado para participar de um filme experimental numa casa isolada, onde eles acabam ficando presos. O lugar é cheio de armadilhas e também há um assassino pegando um por um.

É um filme bem estranho, pois vai em direções diferentes mesmo sendo na base um slasher. Mas temos aqui um assassino que poderia ter saído de um giallo (precursor italiano do slasher) e até a estética do filme tem uma estilização com as cores que você poderia ver num filme mais clássico de Dario Argento. Também temos em Kyra uma protagonista pouco confiável, pois ela tem visões e ouve vozes perturbadoras, mesmo sendo medicada, o que indica esquizofrenia, e as manifestações disso rendem cenas boas de perturbação e põe uma pulga atrás da orelha do espectador.

As cenas de morte no geral são bem feitas e bem trabalhadas nos efeitos práticos. Lembram bastante os filmes cheios de gore do cinema italiano, ao exemplo dos supracitados filmes gialli. Tem uma personagem em especial que sofre bastante até morrer. O assassino é bem perturbado e perturbador, mesmo com um visual mais simples, mas não menos chamativo.

Kolobos é um filme que se diferencia daquele slasher teen do final dos anos 90. Pode ser um tanto previsível apesar dos seus elementos estranhos e talvez por causa deles, mas é no mínimo um filme com algum diferencial em meio a tantos filhos bastardos de Pânico (que é uma franquia que eu gosto muito) no auge daquele terror teen mais limpo.


Filme: Star Wars — Episódio IV: Uma Nova Esperança (Star Wars — Episode IV: A New Hope, 1977, George Lucas)

 



Star Wars — Episódio IV: Uma Nova Esperança (Star Wars — Episode IV: A New Hope, 1977, direção de George Lucas)

Ficção Científica / Aventura / Fantasia

121 minutos

Elenco: Mark Hamill como Luke Skywalker, Harrison Ford como Han Solo, Carrie Fisher como Princesa Leia Organa, Peter Cushing como Grão-Almirante Tarkin, Alec Guinness como Obi-Wan Kenobi, Anthony Daniels como C-3PO (interpretação da voz), Kenny Baker como R2-D2 (interpretação do robô), Peter Mayhew como Chewbacca, David Prowse como Darth Vader (interpretação física), James Earl Jones como Darth Vader (interpretação da voz)



Outro que também era inédito para mim. Eu vi os episódios I, II e III, e somente do terceiro eu genuinamente tinha gostado na época. Star Wars é uma febre que nunca me pegou o suficiente para eu ir atrás de tudo. Mas fui presenteado com o box da trilogia clássica em DVD e ontem conferi Uma Nova Esperança (1977, direção de George Lucas) pela primeira vez.

É uma space opera em que se nota uma construção de mundos com uma riqueza de detalhes impressionante, se considerarmos a época em que foi concebida, ainda que, por ser um filme episódico, não entregue tudo de uma vez. É claro que muitas das impressões que temos da história e de todo esse universo passam pela influência do tempo e da consolidação de Star Wars, do que já conhecemos sobre esses filmes a essa altura, assim como sabemos que George Lucas mexeu posteriormente no que já havia feito. Então, a experiência que tive ontem de ver o filme inteiro pela primeira vez obviamente não é a mesma da concepção do filme original como em 1977. Mas é interessante notar que, mesmo tendo um conhecimento básico daquela história pelo que vi na segunda trilogia e as referências e spoilers que já conheço desde sempre, ainda assim há elementos que só fui compreender melhor ao conferir esse filme, ao exemplo da Força, que é visto como uma religião ou um elemento fé e superstição que muita gente no tempo em que o filme se passa já não acredita, e era comum entre os Jedi e o vilão Darth Vader, que anteriormente fazia parte do grupo. Para mim, a Força era só uma força de expressão. Hahaha.

Como é um filme em que muita coisa acontece, eu terei dificuldade em resumir. Portanto uso a sinopse do próprio DVD (ah, os tempos de locadora!):

"Os Cavaleiros Jedi foram exterminados e o Império comanda a galáxia com punho de aço. Um pequeno grupo de Rebeldes ousou desafiar a potência roubando os planos secretos da mais poderosa arma do Império, a Estrela da Morte. O servo de maior confiança do Imperador, Darth Vader, precisa encontrar os planos e localizar o esconderijo dos Rebeldes. A líder dos Rebeldes aprisionada, Princesa Leia, envia um pedido de socorro que é interceptado por um simples fazendeiro, Lule Skywalker. Seguindo seu desfino, Luke aceita o desafio de resgatar a princesa e ajudar a Rebelião a enfrentar o Império, contando com alguns aliados inesquecíveis como o sábio Obi-Wan Kenobi, o presunçoso Han Solo, o fiel Chewbacca e os dróides R2-D2 e C-3PO."

Destaco o carisma do grupo principal.

Os dróides nos dão algumas cenas mais engraçadas no início.

Luke é corajoso e cheio de vontade em fazer o que é certo, enquanto o mercenário Han Solo é o típico homem que só obedece a si mesmo, como o próprio diz.

É muito bom ver Obi-Wan de novo, só acho que a cena em que ele batalha com Vader usando o sabre-de-luz, um elemento icônico da série sendo menos recorrente neste episódio IV, é um tanto anticlimática em sua conclusão, pois a batalha em si é um tanto tímida (quem viu, sabe); não sei se é coisa da limitação técnica da época, que impedia todos aqueles malabarismos que veríamos nos filmes posteriores, ou foi o próprio George Lucas mesmo que não teve uma ideia melhor de movimentação para o mestre e o pupilo lutarem.

Darth Vader é aquele vilão sempre marcante e imponente, mesmo para quem ainda não tinha assistido ao filme, a começar por seu visual. Mas não só isso. Ele é bem ameaçador e há duas cenas em especial que exemplificam bem isso.

Agora... a Princesa Leia foi quem realmente me impressionou em toda sua personalidade forte. Veja pelas cenas na primeira hora em que ela não demonstra o medo que provavelmente deve sentir ao estar à mercê do impiedoso Vader. E quando ela resolve pegar nas armas, então, vemos que ela não é só uma versão mais bonita da Dona Florinda, uma princesa que parece não saber se salvar sozinha. Ela é cheia de fibra e tem toda uma participação forte na ação da segunda hora de filme.

Sobre o Chewbacca, GHWAHWHHAAAAAAH.

Destaco também a estética do filme. Claro que parte do que vemos hoje tem um forte retoque digital, mas a ideia da estética com certeza vem sendo pensada desde o início. É um filme de 1977 que não tem uma aparência de um futuro imaginado com um olhar de passado. Ou seja, parece crível como a concepção de um mundo futurista que não fica datado. Você ainda pode ver telas com gráficos antigos, mas a aparência do mundo como um todo é bem crível como futurista.

Gostei bem mais do filme do que imaginei a princípio. É uma história já em andamento, e por isso algumas coisas podem pegar mais a nossa atenção do que outras, mas ainda é redondinho e conclui os objetivos dos personagens, não sendo uma história incompleta. Começa a engrenar de verdade lá por 1 hora de duração, mas segura a nossa atenção e curiosidade desde o início por causa do carisma dos personagens e, pelo menos para mim, por apresentar aquele universo sem precisar bombardear a gente de informações além do necessário, talvez até porque pode ter sido pensado como uma história já iniciada, apesar de antes ser só um filme isolado antes de se pensar nas continuações, se não me engano, apesar de algumas pontas soltas que ficam mais evidentes ao se saber anteriormente de algumas coisas que foram reveladas depois.

Um bom início para uma saga em evidência na cultura pop ainda nos dias atuais.


Filme: Um Perigoso Adeus (The Long Goodbye, 1973, Robert Altman)

 



Um Longo Adeus (The Long Goodbye, 1973, direção de Robert Altman, baseado no livro de Raymond Chandler)

Mistério/Crime

112 minutos

Estados Unidos da América

Elenco: Elliott Gould como Philip Marlowe, Nina van Pallandt como Eileen Wade, Sterling Hayden como Roger Wade, Mark Rydell como Marty Augustine, Henry Gibson como Dr. Verringer, David Arkin como Harry, Warren Berlinger como Morgan, entre outros.


Então, numa madrugada eu senti vontade de assistir um filme policial, de mistério, e escolhi Um Perigoso Adeus.

Philip Marlowe, interpretado por Elliott Gould (que é um cara um tanto estranho, mas gostei dele no papel), é acordado por seu gato faminto e agitado às três da manhã. Homem de voz baixa, mas segura, ele conversa com o gato, segurando firme o cigarro na boca (o homem é uma verdadeira chaminé!) e vemos uma longa cena dele saindo para procurar a ração favorita do bichano e comprar massa de brownie para uma de suas vizinhas que sempre estão seminuas na sacada. É o vizinho mais gentil de todos. É interessante que o filme não se apressa ao apresentar o personagem; esses longos minutos funcionam para estabelecer o microcosmos do detetive particular. Primeiro ele é procurado por seu amigo Terry para que lhe dê carona para Tijuana, então descobre que a esposa de Terry havia sido assassinada e que o amigo pode ainda ter fugido com o dinheiro de um criminoso perigoso. Mas Marlowe não acredita nisso e pensa em investigar. Então ele pega um segundo caso, no mesmo lugar onde Terry morava com a esposa, para poder ter um acesso mais fácil ao lugar e fazer perguntas. Esse segundo caso se trata do desaparecimento de um escritor em crise, Roger Wade, com um problema sério com a bebida e com a própria agressividade. É a esposa deste que contrata Marlowe para investigar.

O roteiro não se baseia em reviravoltas atrás de reviravoltas mirabolantes, pelo menos na primeira metade. Se concentra bem mais no desenvolvimento de personagens e até em cenas do cotidiano. É claro que o filme traz situações que variam entre o sério e o trágico com o cômico, algumas bem inesperadas, mas o andamento de tudo é bem sóbrio. E é aquele caso em que investigar uma coisa faz sem querer, ou talvez não, descobrir a verdade sobre outra coisa quando inicialmente não parece haver uma ligação maior entre ambas. Mas ainda é uma história bem simples desenvolvida de forma redondinha e que tem em seu ponto forte seus personagens imperfeitos. É um filme policial com todo aquele charme sujo, mas ainda belo, dos anos 70.


Filme: O Inquilino (The Tenant/ Le Locataire, 1976, Roman Polanski)

 



O Inquilino (The Tenant / Le Locataire, 1976, direção de Roman Polanski, baseado no livro de Roland Topor)
Terror / Drama
125 minutos
França
Elenco: Roman Polanski como Trelkovsky, Isabelle Adjani como Stella, Melvyn Douglas como Monsieur Zy, Jo Van Fleet como Madame Dioz, Bernard Fresson como Scope, Lila Kedrova como Madame Gaderians, Claude Dauphin como Georges Badar, entre outros.



TEXTO COM POSSÍVEIS SPOILERS! Não entro em detalhes muito específicos; porém, para eu falar de alguns temas do filme, preciso falar de uma coisa ou outra que alguns podem ver como spoiler ou não.

Está aí uma história que eu gostaria de ter escrito! Filme que encerra a trilogia do apartamento, que teve os filmes Repulsa ao Sexo e O Bebê de Rosemary. Baseado num livro do francês Roland Topor (1938-1997), o filme é ambientado na França, mas falado em inglês.

Conta a história de um parisiense de descendência polaca, interpretado pelo próprio Polanski, que aluga o apartamento anteriormente ocupado por uma mulher que se jogou da janela. Ninguém entende o que a levou a isso, mas o rapaz aos poucos começa a desconfiar que os vizinhos, pessoas especialmente desagradáveis, tenham algo a ver com isso, e que ele será levado ao mesmo destino.

Vou te falar... Eu já teria desistido do apartamento só com a maneira como ele foi recebido pela zeladora antipática. Um problema recorrente naquele prédio é a reclamação de barulhos inoportunos nas piores horas. A questão é que  o protagonista Trelkovsky é sempre acusado de atentar contra a paz naquele prédio, quando na verdade ele é bem na dele. Na verdade, os vizinhos são bem estranhos...

Há até um quê de Kafka nesta história, com o indivíduo sendo pressionado e esmagado pelo sistema (e as pessoas inseridas nele), às vezes sem nem entender o porquê; ele é empurrado para uma sucessão de acontecimentos que fogem do seu controle. Há também um subtexto a respeito de um comportamento xenofóbico de boa parte daquelas pessoas em relação ao protagonista, ainda que isso não fique escancarado, mas dá para fazer essa leitura quando algumas vezes ele é questionado por seu nome.

E ainda há outra camada, sendo essa bem sutil no início, mas que se torna da segunda metade para frente o tema principal da obra: a perda da identidade e como ela pode ser confundida. É neste ponto que o filme assume o seu lado mais sinistro e o horror psicológico toma conta, com Trelkovsky vendo e ouvindo coisas que colocam sua sanidade em jogo. Aos poucos ele é direcionado a imitar o comportamento da inquilina anterior, a começar pelo comércio em que ele come e bebe o mesmo que a moça e é empurrado para fumar os mesmos cigarros que ela. Então ele parece mesmo estar sendo direcionado a fazer o mesmo ato desesperado que o dela. O filme até dá bem a entender que tudo pode estar só na cabeça do protagonista, que ele só está muito paranoico e acredita em um complô, mas aí vem a cena final e insere a dúvida de novo. E é daqueles finais impactantes. O filme até dá algumas pistas sobre a verdade desde o início, mas é ao reassistir que você nota melhor essas pistas mais sutis.

Este terceiro filme da trilogia do apartamento tem uma maior ligação de tom com o Repulsa ao Sexo: sem a menor sugestão de sobrenatural, diferente de O Bebê de Rosemary, que ao final até abraça um pouco mais esse aspecto sobrenatural, mas também sem mostrar para a gente o que há no berço/carrinho de bebê, o que ainda sustenta um pouco a sugestão de delírio (não apenas de Rosemary, mas dos outros personagens também.) Tanto o Repulsa quanto o Inquilino funcionam pela manifestação visual do que está interiorizado. E assim O Inquilino encerra perfeitamente a trilogia.


Filme: Kolobos — Pesadelos Tornam-se Realidade (Kolobos, 1999, David Todd Ocvirk e Daniel Liatowitsch)

  Kolobos: Pesadelos Tornam-se Realidade  (Subtítulo horrível esse, mas é só Kolobos, 1999, direção de David Todd Ocvirk e Daniel Liatowitsc...